A luta não é fácil e este grupo, que conta com mais de um milhão de voluntários em todo o país, enfrenta, muitas vezes, a fúria das famílias, que veem no assassínio dos amantes o único modo de recuperar a honra perdida. .A primeira coisa que os "comandos" fazem, quando recebem a chamada desesperada de um casal, é pedir que se mude para Nova Deli, para ser acolhido num dos 11 refúgios existentes na capital indiana. ."Volta comigo ou mato-te!", contou à agência noticiosa espanhola EFE um dos fugitivos, identificado com Akash [todos os entrevistados usaram nomes falsos], para exemplificar as ameaças do pai de Chabi. .O casamento entre Akash, de 28 anos, e Chabi, de 23, foi negado por pertencerem a castas diferentes. .Fugiram e vivem escondidos há quase três meses, em Nova Deli, sem qualquer tipo de comunicação com o exterior. O pai de Chabi denunciou Akash à polícia por sequestro. .Atualmente, pelo menos 68 casais vivem nos refúgios da organização na capital. O fundador do grupo, em 2010, Sanjoy Sacudev, disse que já tiveram "mais de 80". ."Quando se sentem seguros abandonam o refúgio para começar uma nova vida. Mas devemos analisar antes a situação do casal, o estado legal e de segurança", explicou Sacudev. .O fundador dos "comandos" justificou a terminologia bélica da organização por considerar que esta é "uma guerra contra os fundamentalistas religiosos".."A nossa experiência diz-nos que, normalmente, as mulheres são as mais afetadas. São torturadas, agredidas ou assassinadas. Neste momento, todo o país está preocupado com a segurança das mulheres, mas o que se passa com aquelas que estão apaixonadas?", questionou. .Sacudev garantiu ter recebido, em alguns dias, mais de 700 telefonemas de casais a pedir ajuda. .Mahek, de 23 anos, foi maltratada pelo pai e quatro irmãos quando lhes contou que pretendia casar-se com um homem de outra casta. ."Fiquei fechada num quarto, sem comer ou beber. Batiam-me com a primeira coisa que encontravam", contou. .Depois disto, Mahek decidiu fugir com o namorado, que acabou por contar o plano de fuga ao pai da rapariga. ."Não me perguntaram nada, mas bateram-me durante três dias sem parar", disse. Fugiu pela segunda vez a 17 de janeiro e, desde então, está sob a proteção dos "Comandos do Amor" até conseguir "ser independente".